segunda-feira, 30 de maio de 2011

Vidas em Jogo não pegou

Nesta sexta-feira terminou a 1ª fase da principal trama da Rede Record. Vidas em Jogo, novela de Cristianne Fridmann que chegou prometendo arrebatar a audiência de volta para a emissora no horário após a mal sucedida Ribeirão do Tempo e que, a bem da verdade, teve em sua primeira fase – com 19 capítulos exibidos até o momento – uma das piores audiências da história do horário para sua emissora.
Verdade seja dita: o horário nobre da Record sofre a pior crise desde que a emissora iniciou em meados da década passada sua organização estrutural para crescimento de audiência. Ainda assim, a audiência da Vidas em Jogo não é decorrente desta crise, mas é colaboradora deste momento difícil enfrentado pela TV da Barra Funda.
Nem sempre audiência baixa é sinal de falta de qualidade, porém, neste caso é. A trama nem havia entrado no ar e já estava badalada demais, aliás, muito em função da autora que, desculpem a franqueza, ainda não tem seu nome assinado na tábua dos grandes autores nacionais. Fridmann é responsável por uma boa novela, Chamas da Vida, mas também assinou a modorrenta Bicho do Mato e não se pode esquecer isso.
Independente disso, os equívocos de Vidas em Jogo salta aos olhos. A história desta primeira fase, tentando mostrar um grupo de pessoas pobres, sofridas e – sem exceção – sofrendo nas mãos dos mais ricos, não conseguiu chamar a atenção de ninguém. Mesmo sendo uma obra de ficção, o folhetim precisa caminhar dentro da verossimilhança. Uma coisa é licença poética, outra bem diferente, é erros estruturais absurdos, como se vê frequentemente na obra.
Diálogos sonhadores, com os dois pés no absurdo, acabam por irritar o telespectador que não tem mais paciência para mocinhos e mocinhas que não compreendem a realidade em que vivem e sonham com um mundo impossível de existir. A tentativa de mostrar ricos tiranos e pobres heróis não funcionou nesta primeira fase e, a partir de agora, com o Bolão da Amizade ganhando na loteria e enriquecendo, o risco de não funcionar é grande, já que o telespectador não está suficientemente apaixonado pelos personagens para se envolverem com eles, agora ricos.
O que pode ser a tábua de salvação de Vidas em Jogo é o clima de mistério que tomará conta da novela nos próximos capítulos. A seqüência de mortes que começa a partir do enriquecimento dos personagens pode se transformar na história central do folhetim e conseguir atrair audiência, coisa que os personagens não conseguiram. O problema é que, mesmo com os mistérios, se os diálogos continuarem com esse ar maniqueísta e superficial, ninguém vai comprar idéia nenhuma, mesmo que todo o elenco tenha dinheiro ganhando na loteria.
@tvxtv

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