domingo, 8 de maio de 2011

Vidas em Jogo: muito ruim

A impressão de se estar sempre assistindo a uma tentativa de cópia, principal característica das novelas da Record, pode ser coisa do passado. A julgar por “Vidas em jogo”, história de Cristianne Fridman, isso parece estar superado. Não que seja um mérito. O que se viu nesta estreia foi um confusíssimo empilhado de aéreas, sequências de ação e violência a rodo, cenários coloridíssimos e figurinos reluzentes. O folhetim bebeu em duas fontes: em produções da própria emissora, como “Vidas opostas” — e as afins que exploraram o crime em busca de audiência —, e nas lições da Televisa (parceira em “Bela, a feia” e em “Rebelde”). É a Record fazendo um pastiche de si própria, isso acrescido de uma adesão à estética mexicana. Eis a assinatura.
Do nada, houve inúmeras perseguições pelas ruas do Rio antigo (já vistas em “Chamas da vida”, para citar só uma), personagens pularam por viadutos, sumiram em vielas etc, sempre ao som de uma trilha à la “Hawaii 5-0”. Até as locações eram as mesmas. Justiça seja feita, o diretor-geral, Alexandre Avancini, domina este tipo de sequência e elas estavam corretas, embora dramaturgicamente absurdas. 
Investiram também numa viagem aos Lençóis Maranhenses que rendeu belos momentos (alguns lembravam a minissérie bíblica “Sansão e Dalila”). Rendeu também outras perseguições e um acidente nas dunas sem ferimentos graves, a não ser para o bom senso e a lógica. Há ainda uma espécie de cortiço/prédio invadido, que a vilã, Regina (Beth Goulart), mandou um grupo de meganhas desocupar. Outro momento grandiloquente foi um sonho de Rita (Juliane Trevisol), em que ela apareceu dançando com milhares de bailarinos.
Salvam-se várias atuações. Entre outros, merecem todos os elogios a própria Trevisol, excelente em cena, longe das caras e bocas de “Os mutantes”; Betty Lago, André Mauro, Simone Spoladore, Lucinha Lins, Luciana Braga, Letícia Colin, Thaís Fersoza, Bia Montez e Silvio Guindane.
Se a história encontrar um sentido e alguém lembrar daquela máxima que reza que menos é mais, “Vidas em jogo” pode, pelo menos, dar uma chance ao seu elenco de trabalhar numa produção com pé e cabeça.
Por: Patrícia Kogut

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