sábado, 14 de maio de 2011

Sem ousadias, seriado ‘Divã’ aposta em dilemas femininos

Gravação do terceiro capítulo da série 'Divã', da Globo, com Lilia Cabral em segundo plano. Foto: Luiza Dantas/Carta Z Notícias/Divulgação‘Divã’ tem como protagonista a atriz Lília Cabral
Foto: Luiza Dantas/Carta Z Notícias/Divulgação
Geraldo Bessa
Em intensidades oscilantes, o humor domina todas as recém-lançadas séries da Globo. A linha cômica agrega desde o bobo e familiar Batendo o Ponto ao moderninho Macho Man. Entre textos tão diferentes, ainda existe espaço para a emissora afagar o ego e o histórico do público feminino com Divã, série protagonizada por Lilia Cabral, exibida nas noites de terça-feira. Com direção de José Alvarenga Jr., o programa conta a história de Mercedes, uma mulher que acaba de passar dos 50 anos, separada e mãe de dois
Pelas características da personagem, já é possível perceber o apelo da série em encontrar identificação com um público majoritariamente feminino. Além disso, o mote principal do programa passa longe do ineditismo. A série de TV, escrita por Marcelo Saback, é baseada no livro Divã, sucesso editorial da escritora Martha Medeiros, lançado em 2002. Três anos depois o texto ganhou os palcos de teatro e, em 2009, foi adaptado para o cinema, sempre com Lilia no papel principal. Apesar do bom currículo, a história de Mercedes foi tão esmiuçada e revista que chega à televisão sem a força e a originalidade das versões anteriores.
A única coisa inalterada pela corrosão provocada por tantas adaptações foi a atuação de Lilia Cabral. A atriz foi a principal entusiasta em desenvolver as possibilidades multimídia do texto e sua interpretação cresceu com a intimidade adquirida ao longo do tempo. Porém, o carisma da atriz não foi suficiente para evitar que os questionamentos, desilusões e alegrias do cotidiano de Mercedes ficassem enfadonhos. Mercedes tem tanta vontade de ir em frente, que não consegue sair do lugar. Por sorte, a dramaturgia engessada recebeu boas injeções de humor. Deste modo, Divãconsegue divertir e agradar seu público. Ao mesmo tempo em que passa despercebido, ou com a alcunha de chato, por quem não consegue se conectar à história.
A falta de originalidade do texto é evidenciada pela direção apenas correta e por uma edição linear. A impressão é de que a ausência de ousadia do programa é proposital, bem ao modo de sua personagem principal. Porém, se existe algo realmente interessante na produção é a escolha do elenco. Além de Lilia, Totia Meireles e Paulo Gustavo, interpretes de Tânia e Renné, são responsáveis por bons momentos da trama. Tânia é a bem resolvida melhor amiga de Mercedes, e Renné é um divertido cabeleireiro que está sempre disposto a entender os problemas da protagonista. Além deles, Marcello Airoldi se sai bem na pele do viúvo Jurandir. Entre risadas e muitos dilemas femininos, Divã acaba no mesmo nicho de alguns famosos e leves seriados americanos que fizeram sucesso entre as mulheres comoGilrmore Girls, ou uma versão mais experiente de Ally McBeal.
Divã – Globo – Terças, às 23h.

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